quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Ler e comer tomate, só se aprende experimentando




Todo começo de ano vejo um movimento interessante. Pais de alunos com listas de leitura das escolas particulares atrás de livros paradidáticos. E acho tão incrível ver isso, pois é sim incentivo à leitura. 


Não se ensina a comer tomate colocando ao lado da criança e dizendo: olha, isso é um tomate, se quiser, coma. Pra se ensinar a ler, tem que degustar. E muitas crianças não tem isso em casa, como eu tive. Precisam desse empurrão da escola, dessa obrigatoriedade que é o "você tem que provar". 

Parabenizo essa atitude das escolas particulares e me pergunto: escolas públicas, até quando vão dizer ao aluno "a biblioteca está ali, olha que legal" e vão começar a ter atitude de colocar o livro nas mãos deles, como o pai que diz "você vai experimentar esse tomate, esse chuchu, esse jiló, goste ou não"? Coloque um celular e um livro, um doce e um tomate, ele vai pegar o mais "gostoso". 

Precisamos ensinar que existe prazer em ler. E em comer tomate. É um alerta para os pais, mas também para as escolas. Dar o livro pra nota, pra fazer prova, pro vestibular, me fez ler obras que talvez eu nunca tivesse a curiosidade de procurar, me fez conhecer esse mundo incrível, que hoje amo. 

Cansada desse laissez-faire, desse "discursozinho" atual de que a criança tem que escolher. Ela não vai escolher o que não tem oportunidade de conhecer. Não vai comer tomate se não for obrigada, não vai limpar o quarto se não for uma imposição. Isso forma o caráter. Deixar fazer o que quiser, forma um fracassado, que sempre vai escolher o doce ao invés do tomate, o celular ao invés do livro, a vida boa ao invés do trabalho.

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