quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Incentivo a leitura: projeto que não saiu do papel?

Recentemente estive conversando com meu filho e fiquei abismada. Por que atualmente os professores tem tanto medo de passar livros para os alunos lerem? E não deem desculpas que é caro pedir o material ao aluno pois ele já chegou inúmeras vezes em casa com livros que ganhou na escola. Escola Pública.

Quando criança, perdi a conta da quantidade de livros lidos. Pelo menos um por bimestre em português. E fora quando o professor de inglês, ou de história não indicavam algum. E em cada visitinha para comprar o livro obrigatório, eu saía com pelo menos mais um não obrigatório. Mamãe me incentivava a ler. Sempre me deu livros de presente.

Pode parecer chato ler um livro e depois fazer uma prova. Mas antes isso que nada. Era o único jeito dos professores se certificarem que realmente lemos a obra. No Ensino Médio vieram as leituras obrigatórias para o vestibular. E mais dos nossos queridos clássicos, Machado de Assis, Rubem Alves, Guimarães Rosa... além de muito jornal. Não tínhamos internet ainda (não sou tão velha assim...rs). Ah, não é um clássico, mas amo Luís Fernando Veríssimo...



E tive dois professores realmente especiais. Eles não só nos presenteavam com o prazer das leituras, como também nos divertiam com maneiras interessantes de debater o conhecimento adquirido. Júri simulado, teatro, reescritas com finais diferentes... nunca me esqueço do júri simulado para debater a inocência ou não de Capitu, em Dom Casmurro. Aqueles olhos de ressaca...nunca me enganaram...rs

Pode ter sido um pouco forçado para alguns, não pra mim que sempre sonhei ser escritora e jornalista, mas duvido que muitos não adquiriram o gosto pela leitura.

E por que agora este medo? "Ah, não pode forçar o aluno". "Ele não vai ler, vai ver o resumo na internet". E acho muito bem feito que vejam mesmo. Se um professor deixa essa brecha para o aluno, sinto muito amigo, mas volte pra faculdade. Um professor interessado procura formas de avaliar essa aprendizagem, não deixando esse tipo de brecha.

Desde o Ensino Fundamental I eu não escuto meu filho dizer que tem que ler um livro indicado pela escola. Vejo, atualmente, como já disse, ele ganhar livros na escola. Mas sempre os deixa na estante. Não existe um trabalho em cima desses "presentes" que o governo dá. Parece que nem há interesse da escola em utilizar este material. Diria que é até um desperdício de dinheiro público da maneira que vem sendo utilizado. Espero que este ano, em sua nova escola piloto (pública) de período integral, eu possa enxergar as mudanças na educação de meu filho, pois a proposta é maravilhosa. Estou esperançosa.

E aos bons professores, os que ainda incentivam o aluno a estudar, a ser proativo, parabéns! Continuem assim. Vocês são a gotinha derramada no mar que fará toda a diferença.

E lembrando, para os que se sentiram injustiçados, que existem exceções, Já trabalhei em escolas públicas excelentes, que faziam um trabalho diferenciado com os alunos. Porém, todas de ensino Infantil e Fundamental I. Se alguém pode contestar isso com exemplos positivos, por favor, sintam-se a vontade. Mostrem-nos, por favor, que existem coisas positivas na educação. Principalmente no Ensino Médio e Fundamental II.

Abraços...