quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Ficar pra titia é bom?

Conversando com uma atendente de um supermercado ontem, ouvi a seguinte afirmação: nossa moça, estou ficando pra titia! Minha irmã caçula já está grávida e eu nem namorado tenho! Vou ser o tipo de tia solteirona que gasta todo seu salário com mimos para o sobrinho.
Eu disse a ela que se acalmasse, que nunca é tarde para ter um amor, que ele sempre chega na hora certa.
E então ela respondeu: mas já tenho dezenove anos! E nem um paquera eu tenho!
...


Nessa hora eu paralisei. Nem sabia o que dizer. Com dezenove anos ela já estava com medo de ficar pra titia? Era isso mesmo? Deve ter se imaginado como aquelas tias velhinhas de óculos com aquela correntinha pendurada, cabelinho branco e aquela voz de titia querendo ser legal e apertando as bochechas do sobrinho. Que nas tardes em casa assiste Sessão da Tarde com bolinhos de chuva e uma caixa de lenço de papel e quando acaba passa pra novela mexicana e sofre com a mocinha da novela...




Se eu a conhecesse melhor, e não estivesse com tanta pressa (novidade...), teria dito a ela, que aproveitasse sua idade. Que estudasse, passeasse, curtisse seu sobrinho porque é uma delícia ser tia. Que ajudasse sua irmã a cuidar dele e o enchesse sim de mimos. Que desencanasse de namoro, casamento e afins. Que continuasse suas atividades e se esforçasse em cuidar de si mesma.
Fazendo assim, se amando e, claro, estando aberta ao amor, na hora certa viria um carinha que a valorizasse, pois ela se valorizou antes. Porque não tem nada pior que mulher que não se valoriza e casa com o primeiro trouxa que aparece só pra não ficar sozinha.




Eu também diria a ela um pouco de minha história. Aos dezenove anos me casei. E abandonei meu sonho de ser jornalista. Não cheguei nem a entrar na faculdade de jornal. Não abandonei a música, uma grande paixão. Mas a escrita, que é minha paixão desde criança. Então esse casamento não foi dando mais certo. E acabou. acabou porque muita coisa foi deixada de lado em detrimento de uma paixão.




E depois de alguns anos, conheci meu atual marido. E deu muito certo. Foi na hora certa. Depois dos 30 anos. Mas não foi tarde. Porque o que aprendi me tornou uma pessoa nova, preparada pra me amar antes de amar ao outro. E é isso que faz toda a diferença. (E claro, só pra vocês saberem, retomei meus sonhos, apoiada por ele (que lindinhooo!), mas com uma roupagem atualizada).




Mas...mesmo que eu dissesse isso tudo, não adiantaria. Nunca diga a um jovem: não faça isso, ou faça aquilo. Ele quer ver. Ele não acredita. Sei bem como é, afinal, fui eu que casei aos dezenove e larguei meu sonho...rsrs. O jovem não escuta ninguém. Ele segue o coração. Mas essa virtude de saber agir com a razão é muito rara no jovem. Não dá pra cobrar isso ainda. Mas dá pra orientar. Mesmo que ele não escute um dia vai dizer: bem que minha mãe dizia, rsrs. Quando chega nesse ponto às vezes já cometeu um monte de erros. A gente só espera que sejam errinhos que deem pra consertar. Erros que ensinam. Não que eu seja tãaao velha assim né? Afinal, 30 e poucos é a idade do sucesso! rsrsrsrs




Agora me deem licença que vou ver meu sobrinho! Vem cá pituco lindo da titia que vou apertar suas bochechaaaaaas!!!