sexta-feira, 19 de setembro de 2014

O mundo não está aos nossos pés


Um dia na vida a gente descobre que Papai Noel não existe, Coelhinho da Páscoa é a nossa mãe, animais não falam e finais felizes não existem, como a Disney nos contou. E descobrimos com isso que o mundo não está aos nossos pés como imaginávamos.

Aos sete, oito anos, temos sonhos que parecem gigantes. O impossível é logo ali. Escutamos dos pais, tios, avós que podemos ser qualquer coisa. Astronauta, bailarina, médica, jornalista...Os anos passam e, aos 14 anos mais ou menos entendemos que os nossos sonhos dependem de esforço. Porém, a grande maioria ainda é muito imatura pra saber que tipo de esforço empreender. 

Alguns anos depois, a hora de entrar na faculdade. Sonho de infância pra muitos. Eu tinha uma lousa, com a qual brincava de escola, e escrevi nela, com mais ou menos uns nove, dez anos: Jornalismo UNESP 1997. Desde então, trabalhei e lutei muito por isso. Trabalhei na minha escrita, me empenhei nas aulas de português, li muito de tudo, assisti jornais. Treinei minha dicção, sozinha, pra não puxar o"erre" como fazemos aqui no interior. E olha que ficou quase perfeito? Mas segura aí. O final da história vem daqui a pouco...

Continuando, a hora de entrar na faculdade. Faço a que gosto ou a que dá dinheiro? Duvido que ninguém nunca pensou nisso! Ahá! Mas, como sempre pensei, se eu fizer o que gosto vou ganhar dinheiro, pois farei bem... meio utópico, mas talvez funcione em algumas profissões. Em outras não. 

E depois da escolha, alguns passam, outros não e tentam de novo, ou não. Muitos casam, sonhando com o que a Disney implantou em nossos cérebros. Não, não sou contra o casamento. Ao contrário, quero me casar. De novo, pois a primeira vez não valeu, literalmente. mas isso é outra história... 

Então vem a bendita crise dos 30 anos. Se ela não existe, eu e todos os meus amigos de trinta estamos doidinhos. Já não somos mais os jovens de vinte e poucos. Mas não somos velhos, nem na aparência! Ainda parecemos ter vinte e alguns, mas já temos responsabilidades bem maiores. E a perguntinha chega: meu Deus, o que fiz até agora? Por que o mundo ainda não está aos meus pés?

Sonho de todo mundo, quando é jovenzinho, é que aos trinta esteja estável num emprego, muito bem casado, com uma casa própria e um belo carro. Amigos divertidos, viagens em família. Bem isso. Mas...não sai como o planejado. E talvez esse não planejado seja ainda melhor. Ou não...

Ah, e o final da minha história? Bem, apesar de estudar muito, não passei em jornalismo. Creio que me superestimei e não estudei o suficiente. Aliás, prestei Rádio e TV, escolha feita após uma breve Orientação Vocacional. Nunca prestei Jornalismo. Prestei Pedagogia, na mesma UNESP. Passei muito bem, fiz o curso todo. Exerci a profissão por algum tempo. Mas não era isso. Desisti. Junto com a crise dos 30. Estou na área administrativa e de comunicação. Estou gostando. E, claro, escrevendo esse blog que me traz mais pra perto do meu sonho. Quem sabe um dia não é, Jornalismo? Fica na gaveta. 

Pelo menos, já descobri que o mundo não está aos meus pés. 

terça-feira, 16 de setembro de 2014

O melhor da pizza é esperar por ela ou os pequenos prazeres da vida


Comecei a pensar neste texto após sair de uma aula de Pilates. Há muito tempo meu médico ortopedista vem recomendando isso: "Faça Pilates, é a única maneira de melhorar sua dor lombar!" Enfim, nunca fazia por falta de "tempo". Mas então, há algumas semanas, uma colega me indicou um lugar delicioso, que caberia em meu "tempo". Continuando, após sair da aula de Pilates comecei a pensar em como era agradável a sensação pós atividade física. Um sentimento de dever cumprido, de "doeu mas valeu", ou de "estou mais saudável". Depois disso parecia até que a vontade de me controlar e comer mais saudável melhora. A disposição melhorava, mesmo após um dia cansativo.

Partindo disso tudo, comecei a pensar nos pequenos prazeres da vida. Comer um bombom, sem culpa, andar pela calçada e pisar sobre as folhas secas para ouvir o barulhinho delas e ficar procurando mais folhas pra pisar. Beber um copão de água geladinha numa tarde quente. Sentir o delicioso vento nas noites de verão, após um dia escaldante. Tomar um chá e ver um filme debaixo do edredom no inverno e depois dormir gostoso, quentinho. Pensar num texto, ver a ideia tomando forma, até o nascimento e depois de pronto clicar em "Publicar". Ler um livro no silêncio, sozinha em casa, com o ventilador ligado.

Coisas tão simples, tão cotidianas... Esperamos tanto por coisas grandiosas, por eventos marcantes. "Quando eu tiver minha casa, aí sim serei feliz"! "Preciso de um carro novo, de um computador novo, aí sim minha vida vai começar"! Passamos a vida esperando tristes, chateados, estressados. Ao invés disso, poderíamos planejar a compra da casa, mas nos alegrarmos com o difícil caminho pra ela chegar. Cada conquista, o suado dinheirinho guardado a cada mês (quantos suados meses, eu que o diga... parece que nunca chega...), a escritura no nome da gente, o primeiro móvel... cada pequena conquista celebrada.

Costumamos nos esquecer dos pequenos prazeres da vida. As pequenas delícias diárias. Como diziam os compositores da música "Te Ver" do Skank, "ver um bichano pelo chão, e não sorrir". Falta isso pra cada um de nós. Ver a beleza nos detalhes. Ou, deixaremos a vida passar, esperando a casa e, quando ela chegar, o carro, depois os móveis... Não dá nem tempo de celebrarmos uma conquista e já queremos outra. devemos lutar sim, mas também saber desfrutar delas.

Como sempre escutei do meu pai, desde criancinha: "o melhor da pizza é esperar por ela!"

domingo, 14 de setembro de 2014

Mentirinhas...inocentes? A dirce ajuda...


Parece muito simples. Mas não é. Deveria ser a coisa mais normal do mundo. Mas é mascarada por outro substantivo. A verdade, sim a verdade passa muito longe do nosso dia a dia. Nossa vida está cheia de mentirinhas. "Não vou dizer a minha prima que seu vestido está ridículo, pois ela ficaria triste". Mas deixar a coitada passar vergonha na festa pode? "Não vou contar que comi dois pedaços de bolo". Pena que a balança não mente...

Mentirinha inocentes, ou brancas, como dizemos. Não digo ao meu namorado que ele está lindo, porque pode ficar "se achando". Não digo ao meu funcionário que ele cometeu um erro, pois pode se magoar. Melindres, melindres e mais melindres. A verdade, que poderia ser a solução, fica escondida no que achamos que é melhor. Será que não é sempre melhor dizer a verdade?

Todos já ouviram a história do casal que por anos e anos comeu a parte do pão que não gostava porque achava que o outro gostaria mais? Uma mentirinha pra fazer o outro feliz, mas se a verdade tivesse sido dita, ambos teriam comido o que gostavam.

Aliás, diálogo sempre é fundamental. Clichê? Mas é a verdade.

O que aconteceria se disséssemos sempre a verdade? "Mãe, sua comida ficou um pouco salgada hoje". No outro dia, ela prestaria mais atenção. "Seu Osvaldo, houve um erro na contagem dos produtos, será que o senhor poderia fazer as devidas correções? Sei que é muito eficiente e um funcionário exemplar e que poderá cumprir perfeitamente esta tarefa". Pronto! Erro corrigido, funcionário e patrão satisfeitos.

Ao contrário, se mentíssemos, nas mesmas situações: "Mãe, sua comida está ótima"! Ela acharia que poderia continuar do mesmo jeito e todos passariam a vida comendo comida salgada. "Bom trabalho Seu Osvaldo". Ele não aprenderia com seu erro e o patrão ficaria descontente, podendo até mesmo levar a demissão desse colaborador.

Por que não dizer ao marido que quebrou sem querer sua furadeira favorita, já entregando uma novinha no lugar? Por que não confessar os erros, já entregando uma solução? Contar a verdade é necessário e justo. Porém, ela fica ainda melhor se ao seu lado vier a restituição. Melhor que deixar o coitado procurando a ferramenta pela casa toda. Desnecessário.

Claro que algumas verdades em hora errada e sem tato pra se contar trariam verdadeiros desastres... "Sim tia, a senhora tem um nariz gigante". "Vó, detestei o presente que me deu no Natal..." Nesse caso já entramos em outra área. Não são mais mentiras, mas educação, polidez, respeito.

Contraditório? Totalmente. Por isso existe algo chamado "discernimento", a famosa "dirce" que muitos não tem e acabam fazendo miséria.

Juro que é verdade!



segunda-feira, 8 de setembro de 2014

O sono nosso de cada dia

Tenho sono. O tempo todo. Ao acordar, antes de dormir. Acho que ele impregnou em mim. Posso dormir 12 horas seguidas que mais tarde tenho sono de novo. Aliás isso só aconteceu depois da maternidade.

Com 4 aninhos me lembro de não ter sono. Ficava a noite toda acordada, olhando as sombras que se formavam na parede. A noite parecia interminável. Fora as "cobras" que eu tinha certeza que moravam embaixo da minha cama. E muitas vezes corria para a cama de meus pais, achando que as cobras me seguiam. Pulava com tudo sobre a cama, assustando e acordando a todos. Quando começava a clarear é que eu dormia. Poucas horas. Mas não sentia sono. 

Adolescência. Estudando de manhã. Dormia muito cedo. Ao acabar a novela das oito, que realmente era às oito. As cobras debaixo da cama já tinham morrido, eu já não esperava mais o coelho da páscoa ou o Papai Noel. Após a escola um breve cochilo. E pronto. Problema de sono resolvido.

Gravidez: falta de sono, excesso de sono. Oscilante. 




Após o nascimento da criança e até hoje...sono, sono, sono. Doze horas dormindo: sono. Descansando: sono. Pela manhã: sono. Será que as crianças tem algum poder mágico de dar o sono pros pais? Talvez isso seja invertido. Eles não dormem e os pais tem sono em excesso. O que acho injusto pois se fosse meio a meio todo mundo ficaria feliz. 

Tive minhas noites intermináveis lendo muito. Antes da bendita internet eu lia uns 20 livros por ano. Agora... uns três e olhe lá! Nunca esqueço de minhas últimas férias, no ano do vestibular. Li quatorze livros! Fiquei muito satisfeita com isso. Sono? Como sentir sono com atividades tão interessantes?

Crescemos e não temos mais todo o tempo do mundo. Trabalhar, cuidar da casa, das compras de mercado, de verificar as datas para por o lixo na rua...tempo pra ler? Talvez na fila de espera de um médico. E pra dormir? Nos contentamos com míseras seis horas de sono por noite.