Com 4 aninhos me lembro de não ter sono. Ficava a noite toda acordada, olhando as sombras que se formavam na parede. A noite parecia interminável. Fora as "cobras" que eu tinha certeza que moravam embaixo da minha cama. E muitas vezes corria para a cama de meus pais, achando que as cobras me seguiam. Pulava com tudo sobre a cama, assustando e acordando a todos. Quando começava a clarear é que eu dormia. Poucas horas. Mas não sentia sono.
Adolescência. Estudando de manhã. Dormia muito cedo. Ao acabar a novela das oito, que realmente era às oito. As cobras debaixo da cama já tinham morrido, eu já não esperava mais o coelho da páscoa ou o Papai Noel. Após a escola um breve cochilo. E pronto. Problema de sono resolvido.
Gravidez: falta de sono, excesso de sono. Oscilante.
Após o nascimento da criança e até hoje...sono, sono, sono. Doze horas dormindo: sono. Descansando: sono. Pela manhã: sono. Será que as crianças tem algum poder mágico de dar o sono pros pais? Talvez isso seja invertido. Eles não dormem e os pais tem sono em excesso. O que acho injusto pois se fosse meio a meio todo mundo ficaria feliz.
Tive minhas noites intermináveis lendo muito. Antes da bendita internet eu lia uns 20 livros por ano. Agora... uns três e olhe lá! Nunca esqueço de minhas últimas férias, no ano do vestibular. Li quatorze livros! Fiquei muito satisfeita com isso. Sono? Como sentir sono com atividades tão interessantes?
Crescemos e não temos mais todo o tempo do mundo. Trabalhar, cuidar da casa, das compras de mercado, de verificar as datas para por o lixo na rua...tempo pra ler? Talvez na fila de espera de um médico. E pra dormir? Nos contentamos com míseras seis horas de sono por noite.
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