sábado, 2 de junho de 2018

Dinheiro de Plástico???

Quando eu era criança, vivia escutando na TV, nos jornais, falarem sobre um tal "dinheiro de plástico". Ficava imaginando cédulas plastificadas, resistentes. Essas não rasgariam. Comecei até a achar que era uma coisa muito inteligente fazer cédulas de plástico, pois não se estragariam facilmente.




Cresci um pouco mais e fizeram uma tentativa de notas de plástico aqui no Brasil. Então eu pensei: Ahhh, sabia que era isso o dinheiro de plástico! Mas...para minha surpresa, anos depois, descobri que o dinheiro de plástico era outra coisa. Era um cartão. Mágico. Era só passar esse cartão numa maquininha e pronto! Estava pago. Tão mágico como os cheques da minha mãe. (Aliás, recordando uma pequena história, eu era bem pequena e estava na cidade com minha mãe e pedi pipoca. Ela disse que estava sem dinheiro e eu disse: "Dá um cheque"! Imagina, um cheque para pipoca! Ela deu muitas risadas e acabou me comprando a pipoca.)

Demorou até que esse dinheiro mágico chegasse às mãos da população. Eu mesma só fui ter um aos 27 anos. Mas...as pessoas não entendiam que aquela magia tinha um preço...toda magia tem hehe... "Passa o cartão, Maria! Passa o cartão na padaria"!  E então a conta vinha. Um boleto, uma faturazinha assim, bem levezinha. Era marido xingando, esposa correndo, filho chorando. Mas não tinha jeito, a conta teria que ser paga.



Foi aí que o brasileiro começou a entender o sentido desse dinheiro de plástico. E percebeu que teria que se controlar. Mas...esse bendito se espalhou. Chegou nas mãos de muita gente. Todos podiam ter um cartão. Mas não souberam usar. Se descontrolaram. Compraram mais sapatos do que tinham pés e mais bonecas que filhas. E diziam: "Ah, são só dez parcelinhas de dez reais"! e depois uma segunda compra: "Mais algumas parcelinhas de quinze reais". E de real em real, a conta começou a sair do controle.

Anos depois, com a facilidade do crédito, muitos ainda não aprenderam. E não sabem usar o cartão a seu favor. Pelo contrário. O dinheiro de plástico deixa de ser mágico quando a fatura chega. E quando ela chega alta, dá vontade de correr na loja e devolver aquele inútil descascador elétrico de batatas. Pois faz muita sujeira, gasta energia e ainda é pior do que o bom descascador de lâmina...


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