domingo, 12 de outubro de 2014

Educação Brasileira: vê se acorda e não dorme mais!

Olá! Começo este post devido à uma inquietação. Aliás, ela não é recente. Ela está em mim desde antes de eu estudar pedagogia. Portanto, antes de mais nada, ou que digam que uma leiga está querendo debater sobre o que não sabe, vou apresentar minha experiência com o tema que vou tratar.

Sou pedagoga formada, pela UNESP, Bauru. Comecei a dar aulas aos quinze anos de idade. Passei por teclado, artes, inglês, musicalização...Trabalhei com EJA (Educação de Jovens e Adultos), durante os anos da faculdade. Depois de formada trabalhei com formação de professores em tecnologias, monitora de informática, professora de ensino fundamental e infantil dentro de escolas públicas. Quando comecei a tentar o Mestrado em Educação, cursando uma especialização em Educação a Distância, minha filha ficou diabética e comecei a repensar minha vida e se eu realmente queria seguir a carreira ou não. A resposta foi não. Fiquei 17 anos na área educacional, portanto.

Agora posso continuar.


O modelo de escola brasileira me inquieta muito. Mudanças bem pequenas tem sido aplicadas. Porém continuamos praticamente no mesmo Ensino Tradicional. A escola brasileira, como diz meu filho sobre seu desinteresse em matemática, quer preparar futuros "einsteins" e não futuros "cidadãos".

Começo da grade curricular e cito um modelo de escola que muito me agrada, que, para quem estuda educação, já deve estar familiarizado: Suécia e Finlândia. Sim, temos diferenças sociais imensas com esses países. Sim, são países menores que o Brasil. Porém, o modelo deles seria interessante para o tipo de cidadão que o país pretende formar. Aqui no Brasil existem discursos, que estudei diversas vezes tanto na universidade, quanto para concursos públicos, sobre formar o aluno como um todo, formar cidadãos conscientes...e como a escola brasileira tenta formar isso? Ensinando muita matemática e poucas noções da vida prática! Lendo sobre a educação dos países que citei, percebi que eles dão ênfase, para religião (cada um estuda a sua), línguas (estudam várias e muito bem a materna) e artes. Além disso, eles tem como principal ponto a ser desenvolvido, a AUTONOMIA.

Excelente. Aulas onde aprendem educação doméstica, financeira, artes...aprendem a ser cidadãos. No Brasil a proposta é a mesma formar cidadãos críticos, conscientes, participativos. E então, ainda na tenra idade se cobra uma matemática que nunca usarão na sua vida. Aprendem logarítmo, mas não sabem montar uma planilha de gastos, um orçamento doméstico, organização do tempo... Aprendem todas as regras de ortografia, mas não tem prazer em ler um livro e e ir descobrindo as regras sozinhos, apenas para sistematizar depois.

E passando do fundamental, o aluno tem as disciplinas básicas, mas pode ir para uma escola de acordo com seus interesses, pois as escolas, apesar de privadas, são pagas pelo governo. E quanto mais alunos recebem, maior a verba do governo, maior a qualidade e o investimento.



Claro que o ideal seria termos famílias mais estruturadas e tal. Mas vamos trabalhar com a realidade. Se o governo quer ajudar tanto, vamos pegar o conceito de autonomia das escolas suecas e finlandesas. Primeiro: corte a bolsa família e outras bolsas "peixe" e invista mais na formação de "pescadores". O peixe pescado tem mais sabor que o dado. E tem mais valor também. Interesses políticos existem de continuar assim. Não entremos neste mérito da questão.

Os modelos finlandeses e suecos, além do norte americano, tem em comum o período integral, diversidade de matérias, muitas flexíveis. Ajuda muito os pais que precisam trabalhar e não tem onde deixar os filhos.

Ouvimos muito falar nessas eleições sobre as escolas de tempo integral. Mas de que modo? Pegar a bendita grade curricular brasileira e estender por dois períodos? O que o aluno ganha? Mais algumas refeições e uma creche para os pais? Se esta escola se propuser a ter uma educação verdadeiramente global, ótimo. Ponto pro Brasil. O brasileiro hoje não sabe organizar um orçamento, se enrola nas dívidas. Não sabe apreciar uma obra de arte, uma música agradável. Não sabe escrever, nem ler corretamente.

Aqui no Brasil existe a falsa ideia de que o estudo nos dá alguma mobilidade social. Podemos contar nos dedos os filhos ricos do estudo. Com uma educação integral, focada no ser humano, teríamos mais empreendedores, mais pessoas felizes, na profissão que gostam. Não teríamos tantos médicos sem vocação, apenas pelo dinheiro.

Porém, um alerta: nada disso dará certo se simplesmente copiarmos o modelo de sucesso desses países. O Brasil precisa criar seu próprio modelo, claro, se valendo da boa experiência de outros lugares, Políticos: deixem os bons pedagogos e pensadores da educação brasileira pensar a educação, criar um plano especial para o Brasil! Nada de administrador dando pitaco na educação.

Quando repensei meus valores e se eu realmente queria continuar na educação, a resposta foi a seguinte: amei minha faculdade, e a educação. Mas aqui, nesses termos do Brasil, onde o professor é tratado com total falta de respeito, sem valor, criticado por alunos, pais, direção. Bombardeado por todos os lados para estudar, se atualizar, trabalhar por três períodos e no final de semana... não, esse tipo de trabalho insano estava me fazendo infeliz. E com isso, me tornando uma professora infeliz que meus alunos não mereciam ter.

Acorda Brasil! E veja se não dorme mais...





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