sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

O mundo branquinho de leite




"Então, eu estava nadando. Era tudo muito branco, claro. Pareciam todos felizes, alimentados e satisfeitos. As ondas iam e vinham num ritmo perfeitamente cadenciado. Mas...algo não queria tamanha perfeição. E vieram ondas gigantes,Tsunamis. E reviraram esse mundo branquinho e morninho, reviraram as pessoas e as levaram na enxurrada branca. A maioria conseguiu se segurar e escapar, ficaram seguras novamente. Mas,uma parcela delas, uma pequena parcela se perdeu do mar branquinho, e foram parar no mar nebuloso. E se sujaram, se contaminaram desse mar. Mas nadaram contra a corrente, se esforçaram e conseguiram achar de novo seu mar branquinho.

Porém, para a surpresa de todos, o mar nebuloso havia infectado essas pessoas, tinha destruído nelas a tolerância às águas do mar branco. Descobriram que, na verdade, esse mar branco era o problema. Ele era radioativo de uma forma diferente, ele viciava as pessoas, e elas ficavam bem, desde que nunca saíssem dele. Mas as que saíam, se purificavam. E já não conseguiam mas fazer contato com essa  brancura toda. Ao tocar nele, sua pele se queimava, seu estômago revirava e, caso não saísse logo daí, a morte era certa. O mar nebuloso havia destruído a barreira que essas pessoas tinham, a barreira que os protegia dos efeitos do mar branquinho e que fazia seu organismo aproveitar apenas o que havia de bom nele. O mar nebuloso destruíra completamente essa barreira, obrigando essas pessoas a sair do mar branquinho e ir morar ao lado, no mar bege.

O mar bege era uma imitação do branco. Ele tentava, à todo custo parecer com seu vizinho, mas não conseguia. Sua cor era mais escura, sua textura diferente e suas propriedades até sustentavam as pessoas, mas não de maneira eficaz como o branco. Ele não era autossuficiente, fazia as pessoas necessitarem de algo mais. E isso era muito frustrante. Eles viam seus vizinhos se banhando e refestelando com as propriedades benéficas de suas águas e não podiam ter aquilo. O mar bege era sintético, então, todos os dias eles precisavam sair e nadar nos mares vizinhos. O mar verde, o mar vermelho, o amarelo. E depois disso, podiam voltar bem ao seu mar bege. E no outro dia a mesma coisa. Cansativo. E as pessoas do mar branquinho não eram tolerantes, vviam se gabando por poderem estar ali. E provocando as do mar bege, dizendo o quão delicioso era viver ali. Faziam "Bullying" com elas. E que alimentos deliciosos no mar branco. O Bege bem tentava, mas não conseguia reproduzir o sabor. Era uma cópia. Apenas isso".

Sobre a Intolerância à Lactose.

3 comentários:

  1. Adorei, muito criativo! <3
    Espero que você aproveite muito o planner lá do blog. Um 2020 lindo pra você!

    Não Me Mande Flores ♥

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    2. Obrigada, que bom que gostou! Sobre o planner, já está impresso, estou montando! :)

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