Há um tempo venho ouvindo de amigos, professores da faculdade e
outros, que nossos alunos, filhos, sabem muito mais de tecnologias do que nós.
Que intuitivamente mexem com o celular, tablet e outros recursos. Chamam esses
jovens, essas crianças de “Nativos Digitais”. São nascidos no final do século
XX e início deste século. Eles teriam como característica principal o fato de
terem nascido já com a tecnologia digital, com a internet. São a Geração “Z”.
Porém, há um equívoco em tudo isso. Se meus pais, que tem a média
de sessenta anos de idade dissessem isso, que seus filhos sabem muito mais de
tecnologia que eles, concordo. Eles tiveram que aprender o que era cada um
desses recursos, depois de uma certa idade. Lembro do meu bisavô, Joaquim, um
espanhol nato que, quando chegou a TV em sua casa, conversava com as pessoas da
tela, as convidava para um café, acreditando que realmente estavam ali.
Engraçado? Mas aquilo era algo muito maior que ele poderia entender. Ah, ele
estava em seu juízo normal, caso queiram saber.
Vejo um erro na nossa geração, que se situa entre 22 a 37 anos de
idade em média, ao dizer que os filhos sabem mais. Peraí!!! Vamos relembrar
nossa infância Geração Y? Vou falar da minha. Cada um faz sua ponte.
Em minha infância cresci sim com as tecnologias. Nos anos 80 já
tinha vídeo game e, mesmo quem não tinha como comprar um, sempre tinha um
primo, vizinho, parente em que juntava a molecada para jogar. Tínhamos vários
brinquedos que vejo hoje as grandes empresas relançando. Bonecas que falam,
patinam, fazem bolhas, xixi... carrinhos com controles, robozinhos,
computadores infantis. Vai me dizer que isso já não é tecnologia? E os vídeo
cassetes e filmadoras, que manejávamos, programávamos para os nossos pais, que
se enrolavam todos?

Na adolescência, logo conheci o famoso PC com Windows 3.11. Era
uma novidade. Meus amigos da escola iam em casa, eu ia na casa deles, pra
podermos jogar. Joguinhos simples, que hoje a criançada acha bobinhos. Mas era
o máximo! Então, eu e meus amigos resolvemos escrever um jornal da escola.
Ficou tão legal! Como eu gostaria de ter guardado uma cópia. Em
disquete...aham... até parece que estaria vivo até hoje. Também me lembro que ficava
doidinha vendo meu pai fazer o Imposto de Renda, e levando pra Receita, naquele
bendito disquetão, o primeiro, que parecia um papel. Achava meu pai super
tecnológico, diferente dos outros pais.
Ainda no início da Internet no Brasil, nós, pré-adolescentes e
crianças, vimos seu nascimento, aprendemos a utilizá-la ao mesmo tempo em que
ela evoluía.
Devo concluir, então, que nós, "os pais" da Geração Z
(nascidos na virada do século até os dias atuais), somos totalmente integrados
às tecnologias digitais e, ao contrário dos nossos filhos, que pegaram tudo
prontinho, acompanhamos e crescemos ao mesmo tempo em que a tecnologia se
desenvolvia. Passamos por cada etapa da evolução do computador pessoal.
Filmamos com Fita K7, com DVD, com Cartão de Memória. Conhecemos o Visual
Basic, MS-DOS... coisas que as crianças já ouviram falar, mas nem sabem como
lidar (pelo menos a maioria delas que não está estudando informática...).
Usamos os primeiros telefones sem fio, enormes, acompanhamos o nascimento do
celular. Nós da Geração Y sim, somos os verdadeiros Nativos Digitais.
Aliás, somos os primeiros. A partir de nós todos são.
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